domingo, 12 de julho de 2009

Uma "Goa" Viagem


Como já devem ter notado, pelas crónicas que vos tenho relatado, de dois em dois meses tenho de sair dos Emirados e rumar a um qualquer território vizinho, para poder permanecer nos E.A.U e estender o visto por mais dois meses. No entanto, desta vez o destino levar-me-ia ao lugar perfeito.

O dia porque tanto esperávamos estava a aproximar-se. Esse dia era o 10 de Junho, dia de Portugal, dia de reflectirmos um pouco sobre a nossa Pátria, o que está bem, o que vai mal, o que pode ser melhorado, hora de começarmos a abrir a nossa mente de uma ponta à outra e colocar a palavra oportunidade em todos os locais onde vemos escrito crise. Isto e muito mais, porque Portugal precisa urgentemente de mudar de táctica e de começar a traçar novos rumos, …
OK! Pause…Stop…rewind…Portugal merece toda esta atenção mas na minha perspectiva, não por não gostar da minha Pátria (acreditem que sou homem para chegar a PORTUGAL beijar o chão , agarrar-me à primeira hospedeira de bordo portuguesa e pedi-la em casamento) mas ,por 10 de Junho ser o único feriado em 6 meses de estágio.Chamei-lhe “nestum” ou melhor, dia de não fazer nenhum. Melhor do que saber que esse dia se aproximava, só mesmo as palavras do nosso Director quando nos disse “Epah…olhem lá!! 10 de Junho é já para a semana que vem, fazendo as contas… calha a uma 4ª feira… e como eu sou um gajo à maneira dou-vos a 5ª feira, portanto aproveitem bem estas mini férias que vos dou.”
Também eu comecei logo a fazer as contas. “Ora bem! 4ª… 5ª… 6ª e sábado são fim de semana… isto dá 4 dias de descanso…ou não! Se viajar, trato já do visto e aproveito para conhecer um país vizinho.” Eu, o Sardo e o Tiago começámos logo a divagar… Vamos ao Yemen, é já aqui ao lado, ou vamos ao Qatar…até podemos ir ao Bahrain, ou melhor ainda vamos a Petra (Jordânia). Durante alguns minutos pensámos em Petra mas quando nos informamos dos preços para visitar esta antiga cidade, todos torcemos o nariz e acabámos por desistir da ideia. Voltámos à estaca zero. Todos atirávamos países para o ar, até Portugal veio à baila, quando de repente uma mente brilhante enunciou GOAAAAAAA. João Sardo fez-me voltar a 19 de Dezembro quando anunciaram num auditório com 500 pessoas “ João Maia Dias, Aicep Portugal Global, Emiratos Árabes Unidos”. A alegria foi a mesma. Sabia que era um local onde queria ir pelo menos uma vez na vida. Goa, uma antiga colónia Portuguesa, repleta de história e com a mãe natureza como pano de fundo. Estava definido…vamos a Goa, nem se fala mais nisso. Tínhamos mais ou menos uma semana para tratarmos de todo o processo. A entrada na Índia requer um visto e convém levar umas quantas vacinas e precavermo-nos contra a malária. O pior foi mesmo quando começamos a ler os efeitos secundários da Mephaquine (medicamento preventivo para a Malária). Aqueles pequenos comprimidos que tínhamos de tomar de semana a semana podiam causar alucinações, pesadelos. Ouvimos inclusive alguém dizer que podia conduzir a psicoses. Enfim, não havia nada a fazer, a nossa vontade de ir era mais forte do que todos os efeitos secundários descritos e só nos restava levar a coisa pelo lado positivo, ou seja, já que íamos ter de tomar um comprimido ainda nos E.A.U pensámos… vamos apanhar uma moca de forma absolutamente lícita em solo Emirati, o que acaba por ser também, uma experiência única na vida.
Ora bem, já fui à Índia, já voltei e nada de mal me aconteceu, muito pelo contrário, ouve um dia em que só queria voltar a adormecer, pois sonhei que estava a surfar ondas perfeitas, tubos atrás de tubos e até ia fazendo um ou outro “switch” dentro deles (algo que só o Kelly Slater, 9 vezes campeão do mundo, consegue fazer). No entanto, e apesar de este ter sido o sonho “mais molhado” da minha vida, acabou por relembrar-me de que na Índia existem boas ondas, deveras surfáveis. Foi então que surgiu um grande dilema, será que eu as queria mesmo ver? Devo recordar-vos que as minhas meninas (pranchas) ficaram todas em Portugal e que em Goa não há lojas onde se possa comprar wax, muito menos alugar uma prancha de surf! Ou seja, por um lado queria ver ondas perfeitas, mas por outro, se não conseguisse encontrar uma prancha em lado nenhum, seria o maior pesadelo da minha vida. Imaginem-se com a Megan Fox à vossa frente sem lhe poderem tocar, o sentimento é comparável ao que eu poderia vir a sentir.
E com esta lenga- lenga toda já escrevi centenas de palavras e ainda nem ao Aeroporto cheguei.
Depois deste Pit Stop é então altura, de se colocarem como papagaios no meu ombro e desfrutarem a viagem.


Aeroporto

Tudo parecia estar a correr às mil maravilhas até que…” Hey! Habibi !!Where are you going? First you have to go there…to the fine department!” esta foi a frase que ouvi à saída do controle de passaportes. Já não bastava o facto de estar atrasado e poder perder o voo, tinha também de ter uma irregularidade no passaporte. O meu visto e o dos meus camaradas, já tinham expirado há 5 dias, logo, toca de ir a correr levantar dinheiro fora do aeroporto, voltar a entrar, voltar a passar pelos Raios X, pagar 500 AED’s de multa, carimbar o passaporte e dirigirmo-nos à máxima velocidade para o 2º raio X de embarque, pois já só nos restavam 20 minutos até embarcar. Como se já não bastasse o incidente dos passaportes e de termos de pagar à volta de 100 euros pela multa, também não me queriam deixar passar no segundo Raio X. Os guardas afirmavam que tinha um objecto metálico na alça da mochila que carregava às costas, objecto esse que não conseguiam identificar. Depois de 10 minutos de stress, e digo de stress porque já me passava de tudo pela cabeça, desde de me terem colocado droga na mochila sorrateiramente, até ao facto de pensar que poderia estar a carregar explosivos e/ou armas caseiras, lá me deixaram prosseguir caminho. Mas, felizmente acabou por não haver qualquer problema.
Enfim, já estava com um pé dentro do avião e a caminho de Goa, isso é que importava.
Assim que entrei dentro do avião pude sentir que já estava em território Indiano. Eu, certamente era o indivíduo mais lácteo que ia a bordo. A aventura tinha começado. Levantámos voo e assim que o avião estabilizou começaram a servir uns aperitivos. Apenas eu, o Sardo e o Tiago bebíamos Coca-Cola, os restantes passageiros pediam Tigers atrás de Tigers (cerveja). Muitos deles não deviam beber uma cerveja há uns bons tempos, ainda para mais, sem pagar. Passou-me muitas vezes pela cabeça que alguns dos meus companheiros de viagem poderiam muito bem ter sido explorados, quase escravizados em terras Emirati e que ao fim de muito tempo conseguiram o dinheiro suficiente para voltarem para as suas famílias. Era notória a felicidade estampada em alguns rostos. A viagem fez-se sem grandes percalços, não contando com a aterragem que foi um bocadinho brusca e com o facto de ter atrás de mim um Índico que largava de tempos a tempos um gás quase letal. Mas, o mais irónico no meio de tudo isto foi terem-me dado talheres de metal para saborear o almoço que me serviram no avião. Não percebo como é possível que estas coisas ainda aconteçam. Depois de tamanho espavento a nível de segurança, deixam entrar no avião indivíduos que carregam no seu intestino delgado, gazes grossos altamente tóxicos, quase letais, e que nos mimem com facas de metal em bico.
Passadas 3 horas de voo tínhamos chegado à Índia. Assim que pisei solo Indiano o bom astral apoderou-se de mim, sentia-se a tranquilidade do povo, a paz de uma terra que se guia por valores éticos opostos aos dos Emirados. O povo goês, indo-português ainda utiliza um termo curioso quando pretendem descrever o seu estilo de vida, esse termo é “suzegado” que, traduzido significa sossegado, tranquilo. Já a caminho do hotel, numa super mini van e de noite, todos íamos admirando o silêncio, a escuridão, a natureza verdejante que os faróis iam desvendando naquela saudosa, estrada esburacada. Após 45 minutos de viagem chegávamos ao hotel Ronil Beach Resort, onde por 13 euros/noite se tem direito a um quarto extremamente asseado, uma cama de luxo, piscina, pequeno-almoço e boa disposição. Este Resort fica situado em Baga Beach, a Norte de Goa. Já era tarde mas ainda era possível observar muita gente nas ruas de Baga, e em Goa tal como em Portugal a noite acaba quando o povo quer e os bares só encerram por volta das 6h da manhã. A curiosidade era tanta que decidimos ir rapidamente ao quarto pousar as malas, vestir uns calções e ir beber uma “cuca” fresquinha ao pé da praia. E assim foi, pelo caminho íamos perguntando onde era o Tito’s mas a resposta muitas vezes acabava por ser “LSD? Cocaine? Haxx?” e muitos outros narcóticos estranhos de composição ainda mais duvidosas. Ao que parece é normal naquela região o consumo de drogas, isto porque, durante muito tempo e depois de Portugal ter abandonado por completo a sua colónia, Goa foi invadida na década de 70 por hippies em busca de um território virgem, despovoado e onde a mãe natureza fosse protagonista.
Acabamos por encontrar o Tito’s que ficava junto à praia, numa estrada estreita com lojas de têxteis de ambos os lados, gente jovem e motas estacionadas nas bermas em quase toda a extensão da rua. Muito antes de partirmos, já tinha comunicado ao Sardo e ao Tiago que iria alugar uma mota em Goa. Desde cedo pareceu-me o meio de transporte indicado para alguém com o meu perfil, sedento por emoção. Acordei no dia seguinte e nem foram necessários dois milésimos de segundo até que o Tiago e o Sardo fossem persuadidos a fazer o mesmo. Assim que ouviram o preço, imediatamente chegaram também eles a acordo com o responsável pelas motas. Quatro dias, 6 euros. Nestas condições, até os “moto-ratos” querem alugar uma lambreta e fazer-se imediatamente à estrada. Devo confessar que os primeiros duzentos metros que fiz na minha Honda Activa 50cc acabaram por ser os mais dinâmicos e energéticos de toda a viagem no que se refere a andar de mota e passo a explicar porquê: Para alguém como eu que, já teve mota , ainda por cima com uma cilindrada sete vezes superior nada de mal é passível de acontecer. Mas o caso foi bem diferente, os primeiros duzentos metros que cumpri, acabaram por ser uma prova aos reflexos adquiridos durante toda uma vida. Devo dizer que passei com nota máxima, pois aqueles duzentos metros mais se pareceram com um jogo do Super Mário ou do Sonic no grau de dificuldade máximo. A razão é simples, assim que liguei o motor, arranquei destemido, em sentido contrário, simplesmente não me ocorreu, tal era a gana de ir à descoberta que, na Índia se conduz do lado esquerdo. Quando dei por isso já era um pouco tarde, o punho já tinha sido enrolado e só me restava fazer a prova de slalom a que, inconscientemente me tinha proposto e, assim foi, percorri 200 metros à Valentino Rossi, passava de inclinado para a esquerda para inclinado para a direita continuamente em milésimos de segundo, no meio de um ataque frontal de lambretas “buzinantes” com uns obstáculos e uns buracos pelo meio, uma ou outra ida à valeta até que encontrei uma escapatória. Nada melhor do que uma boa dose de adrenalina para começar bem o dia! Não pensem e que acredito que tenho 40 mulheres virgens à minha espera no céu assim que for desta para melhor.
Os dias foram passados da melhor maneira, sempre de mota, ao estilo americano “lone riders”, sempre em busca do caminho perfeito que nos levasse à praia perfeita, ao goês que ainda falasse Português, da próxima casa com nome Português à entrada, do próximo animal nunca antes visto, enfim, em busca do desconhecido até então apenas imaginado. E na Índia, esse desconhecido pode, a qualquer momento aparecer-nos à frente e, é bastante provável que aconteça enquanto se guia uma mota. Aconteceu comigo por volta das 3.00 da manhã ao percorrer uma estrada escura. Enquanto curvava saltou-me para o meio dos pés um animal que até hoje desconheço. Apenas o Sardo que vinha atrás na sua mota conseguiu descrever os contornos permissíveis e afirma ter-se tratado de um porco-da-índia ou de uma ratazana enorme que não teve qualquer hipótese de seguir viagem comigo pois assim que entrou no meu espaço rapidamente saiu projectado com o triplo da velocidade.
A Índia é sem dúvida um local mágico com muito para oferecer, desde paisagens selvagens, a monumentos imponentes recheados de história e misticismo até ao seu povo extremamente carinhoso e amigo. Na Índia todos querem ajudar, todos se mostram disponíveis para trocar umas palavras, beber umas cervejas e apreciar a vida entre amigos e familiares. Tentarei descrever alguns pontos que interiorizei de forma intensa:


Trânsito

Como já perceberam, na Índia, a faixa de rodagem é à esquerda, portanto, caso planeiem uma viagem para aqueles lados aconselho-vos a treinarem um bocadinho em Portugal. Em Lisboa o local ideal para se acostumar e para se aperceber de como pode ser o trânsito em Goa é a rotunda do Marquês de Pombal. Aluguem uma scooter e experimentem em hora de ponta, contorná-la pelo lado esquerdo, em sentido contrário, com dezenas de carros a virem na vossa direcção! Provavelmente será a experiência mais aproximada à realidade Goesa.
O tráfego na Índia é caótico, 85% das pessoas conduzem mota e quando se chega a uma rotunda convém estar-se preparado psicologicamente para o que pode acontecer. A prioridade é quando as pessoas a admitem, os Stops apenas existem para terem consciência de que têm de aliviar um bocadinho o acelerador, caso contrário, saem projectadas em direcção à manada de motas, por vezes também de vacas que, confundem a estrada com os seus campos de pastagem. Os sinais de iluminação apenas existem para o Inglês ver, ou seja só existe um sinal em Goa que, por sua vez não funciona e que se situa no cruzamento do aeroporto. Não convém andar muito depressa, as estradas têm bastantes buracos e as lombas na sua grande maioria não estão assinaladas. Houve um goês que assimilou essa mesma informação da pior maneira, vinha lançado na sua scooter, sem capacete e quando deu por ele, voava de braços abertos em direcção ao mato. Felizmente, nada de mal lhe aconteceu, mas aprendeu que nas estradas de Goa existem trampolins (lombas) que não estão assinalados.
Apesar de o quadro não ser o melhor, garanto-vos que a experiência é única e alugar uma scooter acaba também por ser a opção mais acertada para alguém que queira conhecer Goa, em poucos dias. Todas as pessoas se mostram disponíveis para indicar o melhor caminho, seja ele por estrada de alcatrão, de terra batida, de areia, até de ramos e folhas pelo meio da floresta. Outro ponto forte de alugar uma mota é precisamente o facto de ser o meio de transporte refrescante em terras onde a humidade e o calor são o prato do dia.


A Comida

Para quem tem um estômago forte, recomendo que façam a vossa escolha, acrescentando no fim do pedido um ”extra spicy”. Para quem não têm um estômago tão forte e uns intestinos Chuk Norris modelo Vandame recomendo um profundo “nooooo spicy”, três vezes seguidas no fim do pedido e três rolos de papel higiénico na mochila. Acreditem que na Índia o papel higiénico é o vosso maior aliado para os eventuais apertos inesperados, porque as casas de banho em locais público não são certamente as casas de banho a que estão habituados em Portugal, com sanitas Rocca. Fora dos hotéis, as sanitas são difíceis de encontrar, às vezes só há mesmo um buraco no chão por isso já sabem: na Índia não há espaço para Indianas Jones.


O Dinheiro(Resumo este ponto em duas frases)

Na Índia a nota de maior valor, 1000 Rupias, equivale aproximadamente a 15 Euros, enquanto a mais baixa, a nota de 5 Rupias equivale a 0.07360 Euros.
Isto sim.É “Goa” vida!


Os habitantes

Talvez as pessoas mais simpáticas que vi até hoje. Os goeses são extremamente alegres e afectuosos. Adoram passear de mãos dadas, sejam homens ou mulheres. Devo dizer que no início me fazia alguma confusão, mas depois de conhecer a sua cultura, outra coisa não seria de esperar. São um povo que não tem medo de dizer aos amigos, apenas porque pode parecer mal que os amam, que gostam deles e que podem contar com eles sempre! Podem não ser pessoas ricas, mas são sem dúvida, ricas pessoas. Pessoas humildes, dispostas a ajudar o próximo, um povo que vive sempre de braços abertos. Ao contrário da população presente no Dubai, aliás, em grande parte dos países desenvolvidos, os Indianos são muito ligados à família, à natureza e à terra. Gostam de contemplar a paisagem ao fim da tarde no cimo dos montes, de subir às árvores, de se sentarem junto das suas santificadas vacas enquanto estas pastam, de tomar banho em família nas águas do mar, no fundo, de serem felizes e desfrutarem apenas do simples facto de existirem, de poderem simplesmente percorrer a viagem da vida. A paz e a espiritualidade andam no ar, os cheiros dos incensos enfeitiçam.


Reflectindo / Filosofando

Depois de entrarmos em contacto com estas realezas humanas de Goa, perguntamo-nos como é possível que as pessoas sejam assim tão diferentes. E não é preciso percorrer meio mundo para nos apercebermos disso. Bastaram-me três horas de avião para assistir a essa realidade que me entristece, mas que ao mesmo tempo me dá esperança. Espero que um dia o Homem olhe para si mesmo como um elemento pertencente à natureza, que ganhe consciência de que o mundo é a sua casa, a casa de todos nós, que deve ser prezada, cuidada e que serve, tal como qualquer outra casa para unir uma família, que neste caso somos nós, os 6 biliões. Contudo o processo não há-de ser fácil, parte do mundo desenvolvido cresce, de geração em geração apenas com o intento de ter que ter, não de ser, de se encontrar como indivíduo. O problema começa precisamente no facto de já estar enraizado na nossa sociedade, o desejo ignorante de ter que ter para se ser, desejo esse que na verdade existe, em cada um de nós, nuns mais, noutros menos. Não o podemos negar, apenas nos podemos desculpar cobardemente por termos crescido neste sistema, que a vida é assim mesmo, difícil e injusta, que temos de trabalhar arduamente para conseguirmos sustentar os sonhos que fomos desenvolvendo ao longo da nossa existência enquanto membros de uma sociedade que nos manipula conscientemente e nos alimenta com lixo material, não espontâneo e que surgiu do poder intelectual, dessa grande arma humana, muitas vezes utilizada da pior forma. Desde sempre foi assim, o Homem tem a capacidade de pensar, criar e de saber que o que cria pode ter efeitos negativos na sociedade mas, nem por isso se incomoda e muito menos volta atrás para reconstruir valores éticos e morais de uma forma genuinamente sustentável. Não pretendo dizer que devemos voltar atrás, destruir o que foi erguido. Devemos sim reflectir sobre o ponto em que estamos, onde chegámos, porque chegámos e se compensa continuar a caminhar nesta direcção. Há uns anos que vivo dividido entre ideias e reflexões. A grande maioria das pessoas busca incessantemente o sentido da vida, o caminho certo e a verdade absoluta. Por um lado e no meio de toda esta busca há uma grande verdade em mim que descobri há alguns anos, a verdade do surf, a chama de saber que para além da família e dos amigos é a coisa que mais prazer me dá na vida. A verdade de correr vagas de mar e honrar o seu estilo de vida, à procura de novos picos, novas ondas, sempre junto da natureza e de poder examinar todos os “pixéis” de uma boa fotografia mental depois de algumas ondas de sonho num dia de surf clássico. Por outro lado tenho consciência de que não é possível viver apenas com este sentimento, de que não é possível viver apenas para o surf todos os dias da minha vida, e isto por vários motivos. Em primeiro lugar, porque como homem trivial não o pretendo banalizar como por vezes acontece, e que é normal acontecer ao ser humano quando dá por garantido algo. É engraçado e até curioso como a mente joga com o coração. O Homem precisa de sentir falta para poder dar valor. Precisa de sentir que está prestes a perder algo ou alguém para lhe reconhecer o devido valor. Isto acontece em tudo na vida, com as pessoas que amamos, com os animais a que nos afeiçoamos, e sobretudo com pequenas coisas materiais que não merecem de facto esse valor. Mas, por ter crescido numa sociedade que mais se assemelha a um motor, ganhei a vontade de querer, de criar e realizar sonhos. Tal como qualquer terrestre, tenho os meus sonhos e a ambição de realizá-los. Não sei como, nem qual o caminho mais directo, apenas me foco na imagem final, tentando visualizar a tela com a pintura concluída, unicamente sabendo, que não posso realizar esses sonhos dedicando-me apenas ao que gosto de fazer. A única maneira, será seguir o caminho em que acredito, e nesse caminho irão sempre existir bifurcações, que naturalmente me levarão à pintura final. Significa, que o caminho em que agora acredito, passará por pegar na prancha com uma mão e na mala de negócios com a outra. E, no meio de ambas, estou EU, muito mais convicto daquilo que quero.


Gozem as 85 fotografias...

sábado, 11 de julho de 2009


Ao contrário do que foi feito pelos Portugueses na descolonização, saí com a camisola de Goa ao peito...não os abandonei! GOA SEMPREEE







"Ganga" - o elefante que olha nos olhos!







Até as vacas sabem que têm de se mantar na faixa da esquerda!
Tempestade tropical














Senhora Indiana a contemplar a paisagem

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